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quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Depois de você – Jojo Moyes

imageTítulo: Depois de você
Autora: Jojo Moyes
Editora: Intrínseca
Nota: 3 estrelas
Sinopse: Em Depois de você, Lou ainda não superou a perda de Will. Morando em um flat em Londres, ela trabalha como garçonete em um pub no aeroporto. Certo dia, após beber muito, Lou cai do terraço. O terrível acidente a obriga voltar para a casa de sua família, mas também a permite conhecer Sam Fielding, um paramédico cujo trabalho é lidar com a vida e a morte, a única pessoa que parece capaz de compreendê-la.
Ao se recuperar, Lou sabe que precisa dar uma guinada na própria história e acaba entrando para um grupo de terapia de luto. Os membros compartilham sabedoria, risadas, frustrações e biscoitos horrorosos, além de a incentivarem a investir em Sam. Tudo parece começar a se encaixar, quando alguém do passado de Will surge e atrapalha os planos de Lou, levando-a a um futuro totalmente diferente.

Após o fenômeno bestseller “Depois de você”, Jojo Moyes lançou a continuação da aclamada história que está sendo adaptada para os cinemas. O drama, que no primeiro volume conta as peripécias românticas e dificultosas de um personagem tetraplégico e de sua cuidadora, ganha um segmento que de antemão está mostrando divergências de opiniões muito antes do seu lançamento. Afinal, era mesmo necessário, após uma história tão impactante, com um desfecho digno de fechar com chave de ouro, trazer uma continuação que corria grandes riscos de não ter a mesma essência que o seu antecessor?

Na história de “Depois de você”, o leitor encontrará uma Lou que, apesar de todos os esforços de seguir em frente, não consegue superar a morte de Will. Sua vida está longe de parecer um mar de rosas pós-luto. Ao se mudar para Londres, a promessa que fez a Will é quebrada de imediato. Seu apartamento pequeno e sem graça e o ritmo pacato como encara sua atual situação a leva a um estado de início de depressão. Assim, quando por acidente ela escorrega a cai do telhado do seu apartamento, todos pensam que Lou, na verdade, tentou o suicídio.

Ciente de que precisa dar um passo a frente, Lou decide entrar para um grupo de terapia pós-luto. Apesar de estar pouco a vontade, a ex-cuidadora passa a frequentar as reuniões, dividindo sua dor com os demais presentes. Nesse período, além de conhecer o pai viúvo de um dos membros do grupo, Lou recebe uma inesperada surpresa que bate a sua porta, revivendo o seu passado com Will.

“Depois de você” é o retrato pós-luto, mas não há nada nesta história que possa ser comparado aos trâmites dramáticos e tocantes apresentados no primeiro volume. Nem sequer chega perto. A Lou amadurecida, que promete seguir os desejos de Will, parece voltar algumas casas nesse novo episódio de sua vida. Desanimada com tudo, a personagem passa boa parte da história mostrando ao leitor sua vida sem graça, preenchida por pensamentos com requintes depressivos. Não chega a ser maçante, mas quando estamos falando da continuação de um dos drama mais tocantes dos últimos tempos, é inevitável que se espere algo mais do que descrever uma rotina pacata e suas lamúrias “pós-Will”, ambas sem provocar uma grande e profunda empatia no leitor.

O livro também apresenta uma gama de personagens desconexos. Jéssica surge de repente como a filha desconhecida de Will, sem mais nem menos. Por mais que a autora tente nos convencer sobre a menina, sua personalidade chata, folgada e irritante em boa parte da história, usada com a justificativa de nunca ter recebido carinho dos pais ricos, acaba não trazendo uma ligação especial conosco. O par romântico de Lou passa pela mesma crise: apesar de gentil e bondoso, sua aparição escassa não traz aquela química vista anteriormente.

Sob a ótica de um livro independente, “Depois de você” passaria como uma história razoavelmente agradável, apesar dos pormenores negativos até então citados. Contudo, é impossível enxergá-lo como tal, especialmente ao ser lançado como o sucessor de uma história tão aclamada. O que nos volta ao questionamento do porquê de seu lançamento, se não, em parte, pelo embalo do sucesso com o filme em vias de ser lançado. Não é ruim, mas está muito longe de nos levar à comoção.   Leia, mas sem muita pretensões de se apaixonar profundamente pela história.

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sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Cinquenta tons de cinza – E. L. James

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- Ficha Técnica:

- Título Original: Fifty Shades of Grey

- N° de páginas: 455

- Sinopse: Quando Anastásia Steele entrevista o jovem empresário Christian Grey, descobre nele um homem atraente, brilhante e profundamente dominador. Ingênua e inocente, Ana se surpreende ao perceber que, a despeito da enigmática reserva de Grey, está desesperadamente atraída por ele. Incapaz de resistir à beleza discreta, à timidez e ao espírito independente de Ana, Grey admite que também a deseja - mas em seus próprios termos. Chocada e ao mesmo tempo seduzida pelas estranhas preferências de Grey, Ana hesita. Por trás da fachada de sucesso - os negócios multinacionais, a vasta fortuna, a amada família -, Grey é um homem atormentado por demônios do passado e consumido pela necessidade de controle. Quando eles embarcam num apaixonado e sensual caso de amor, Ana não só descobre mais sobre seus próprios desejos, como também sobre os segredos obscuros que Grey tenta manter escondidos.

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Cinquenta tons de cinza é um livro que, a exceção dos mais leigos, dispensa apresentações sobre seu enredo para os leitores de hoje. Sucesso mundial de vendas, o livro sobre uma adolescente inocente na arte do sexo e sobre um empresário multimilionário Dominador marcou a literatura erótica e impulsionou o mote BDSM para outros livros no estilo. Agora, próximo da estreia nas telas de cinema, Cinquenta tons de cinza ainda gera debates polêmicos pela essência de sua natureza.

Ao começar a leitura, fui na corrente da maioria dos críticos, abandonando a história logo no começo. As expressões repetidas, a história contada as margens de uma fan fic de crepúsculo, as cenas incoerentes e tantos outros aspectos relevantes – e que prejudicam a história nas primeiras páginas –, quase me fez abandonar de vez a trilogia, ainda que o tema me interessasse. Apesar das falhas, muitos alegaram que a história e a escrita melhoravam nos volumes seguintes. De fato, o segundo e o terceiro livro conseguem alcançar um ponto onde Cinquenta Tons de Cinza fracassa a maior parte do tempo.

Agora, tendo os três livros em mãos e com isso a oportunidade de relê-los, fui até as últimas páginas de Cinquenta tons de cinza. A escrita soa amadora, é verdade, mas há um pequeno salto considerável e perceptível na melhora do texto a partir da metade do livro em diante. Alguns vícios de linguagem ainda são mantidos, e a tal “deusa interior” com frequência soa irritante, mas a história passa a adquirir voz própria, e os personagens, suas próprias personalidades. Grey é sedutor pelo simples fato de ser sombrio e misterioso. Anastasia traz a essência de uma garota que se aventura em um mundo desconhecido – um mundo de prazeres sexuais restritos, do qual seu corpo se excita, mas que sua mente, ao longo da história, reluta em aceitar.

São cenas eróticas envolvendo bondage, submissão e os mais diversos “castigos” que terminam em prazer a ambos. Sexo fora dos padrões, mas que excita pela relação entre os personagens e pela caricatura imposta entre Dominador e Submissa. Tudo consentido, e os limites são previamente estipulados de ambas as partes. Mas o que parece encantar e diferenciar Cinquenta tons de cinza dos demais livros eróticos está justamente no equilíbrio que eu, particularmente, quase não encontro neste gênero: a história em contrapartida ao sexo. Enquanto muitos livros tornam o sexo como ponto central –, Cinquenta tons de cinza consegue trazer um meio termo razoável com um enredo envolto em um romance intenso, personagens interessantes e, de bônus,  cenas de sexo para lá de quentes.

A relação conturbada e os dilemas que envolvem o relacionamento BDSM dentro do contexto do termo são bem apresentados na história. Anastasia luta contra o seu consciente, ao mesmo tempo em que se aventura no mundo particular de Grey. Os dois juntos resultam em uma combinação cheia de dúvidas e receios, mas também proporcionam ao leitor uma relação com um leve ar cotidiano, que encanta e fascina pelos diálogos e pela atenção que dedicam um ao outro. Atrelado ao psicológico de Grey – um dos pontos mais alto da história, Cinquenta tons de cinza soa, para mim, uma combinação forte entre o doce e o amargo. Não parece muito para criar tamanha atenção dos críticos, tampouco para receber o prêmio de melhor livro do ano. É um romance de banca mais apimentado, que que atinge seu propósito, conseguindo agradar como tal.

Capa original:

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domingo, 23 de fevereiro de 2014

A garota que você deixou para trás – Jojo Moyes

image- Ficha Técnica:

- Título Original: The Girl You Left Behind

- 379 páginas

- Sinopse: Durante a Primeira Guerra Mundial, o jovem pintor francês Édouard Lefèvre é obrigado a se separar de sua esposa, Sophie, para lutar no front. Vivendo com os irmãos e os sobrinhos em sua pequena cidade natal, agora ocupada pelos soldados alemães, Sophie apega-se às lembranças do marido admirando um retrato seu pintado por Édouard. Quando o quadro chama a atenção do novo comandante alemão, Sophie arrisca tudo — a família, a reputação e a vida — na esperança de rever Édouard, agora prisioneiro de guerra. Quase um século depois, na Londres dos anos 2000, a jovem viúva Liv Halston mora sozinha numa moderna casa com paredes de vidro. Ocupando lugar de destaque, um retrato de uma bela jovem, presente do seu marido pouco antes de sua morte prematura, a mantém ligada ao passado. Quando Liv finalmente parece disposta a voltar à vida, um encontro inesperado vai revelar o verdadeiro valor daquela pintura e sua tumultuada trajetória. Ao mergulhar na história da garota do quadro, Liv vê, mais uma vez, sua própria vida virar de cabeça para baixo. Tecido com habilidade, A garota que você deixou para trás alterna momentos tristes e alegres, sem descuidar dos meandros das grandes histórias de amor e da delicadeza dos finais felizes.

- Nota: clip_image004

Não costumo ler livros cujo contexto histórico se passe ou envolva, de algum modo, a primeira guerra mundial. Períodos como estes são muito tristes, e particularmente não gosto muito. O tema, porém, chamou minha atenção para um enredo bem desenvolvido, que aborda, como argumento principal, a esperança em meio a um cenário caótico. No período da guerra, a personagem Sophie Lefévre nunca desistiu de se reencontrar com seu marido, e passa por momentos sofríveis e angustiantes, apoiada na esperança, para encontrá-lo. Já no ano 2000, Liv Halston tenta exaustivamente vencer, nos tribunais, uma acusação de posse inapropriada de um antigo quadro que seu falecido marido lhe dera de presente. 

São duas histórias que se entrelaçam de maneira suave. As duas personagens seguem uma jornada onde acreditam em ideais e transmitem essa força a cada capítulo. Mesmo quando todos se voltam contra elas, – e estes são os momentos mais difíceis do trajeto de cada uma – Liv e Sophie passam uma mensagem de fé e esperança, sem abandonar aquilo em que acreditam. A sacada da autora está em trabalhar o lado emocional, que por vezes abalado, nos passa a sensação de personagens humanas, em que conseguimos nos identificar. Ou seja, mesmo acreditando em um objetivo, elas não deixam de se sentirem oprimidas, tristes e feridas por dentro e por fora. Compartilhamos parte da dor e do sofrimento de cada uma, porém, as duas também demonstram um lado guerreiro persistente.

Para contar a história de duas épocas diferentes, Jojo Moyes faz uma salada mista em sua narrativa. Há momentos contados em primeira pessoa, terceira, depois lembranças de personagens secundários – e, também, cartas narradas por terceiros. Além disso, não há um segmento definido para o pulo no tempo. Quando menos se espera, a autora fecha uma passagem e volta para os acontecimentos do passado, e vice versa. Em relação ao estilo narrativo, confesso que demorei a me acostumar – principalmente porque não sou muito fã desse gênero de idas e vindas. Já os pulos no tempo de maneira aleatória, penso que a autora tenha feito propositalmente para atiçar o leitor nos momentos mais decisivos de cada história. Quem está lendo é levado pelo desejo de saber o que acontecerá nas últimas páginas – desfecho este que surpreende pelas reviravoltas de última hora.

O romance é uma abordagem sutil na história que se passa na primeira guerra mundial. Sophie descreve lembranças de sua vida com o marido, os momentos felizes, e mostra como ela se agarra a esses momentos do passado para tomar uma difícil decisão. No ano 2000, cem anos depois, Liv é dona de um quadro que retrata o rosto de Sophie. Ela é levada aos tribunais, pois uma família alega que o quadro fora roubado por nazistas e que, por isso, não era direito de Liv tê-lo. Nesta briga judicial, Liv se vê em uma disputa com ninguém menos que Paul, o advogado com quem ela se envolvera sem saber sua identidade. Aqui, o romance é mais acentuado, dedicando bons momentos ao casal.

Acho difícil a autora escrever qualquer outra obra que me comova tanto quanto Como eu era antes de você, mas A garota que você deixou para trás é uma ótima pedida para quem já está familiarizado com sua narrativa que mistura o drama acentuado, cheia de trajetos espinhosos para seus personagens. Ao mesmo tempo, suas histórias trazem diferentes lições a serem absorvidas. Para aqueles que temem um final triste – só digo para darem uma chance ao livro. Prometo que não vai decepcionar. ;)

Capa original:

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quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Na Ilha – Tracey Garvis Graves

image- Ficha Técnica:

- Título Original: On the Island

- 285 páginas

- Sinopse: Anna Emerson é uma professora de inglês de 30 anos desesperada por aventura. Cansada do inverno rigoroso de Chicago e de seu relacionamento que não evolui, ela agarra a oportunidade de passar o verão em uma ilha tropical dando aulas particulares para um adolescente. T.J. Callahan não quer ir a lugar algum. Aos 16 anos e com um câncer em remissão, tudo o que ele quer é uma vida normal de novo. Mas seus pais insistem em que ele passe o verão nas Maldivas colocando em dia as aulas que perdeu na escola. Anna e T.J. embarcam rumo à casa de veraneio dos Callahan e, enquanto sobrevoam as 1.200 ilhas das Maldivas, o impensável acontece. O avião cai nas águas infestadas de tubarão do arquipélago. Eles conseguem chegar a uma praia, mas logo descobrem que estão presos em uma ilha desabitada. De início, tudo o que importa é sobreviver. Mas, à medida que os dias se tornam semanas, e então meses, Anna começa a se perguntar se seu maior desafio não será ter de conviver com um garoto que aos poucos torna-se homem.

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Uau! Desde que bati o olho na sinopse pressenti que “Na Ilha” traria uma ótima história. Dessa vez, não me decepcionei! Era difícil largar o livro, mas, ao mesmo tempo, ficava adiando a leitura, pois não queria que acabasse. O mote é clichê, contudo o texto é viciante – uma história que trabalha diferentes temas, como a luta pela sobrevivência e a força e a capacidade de se adaptar ao meio. Na Ilha também traz uma bela mensagem sobre o amor verdadeiro entre pessoas de idades distintas e as barreiras deste amor mediante aos julgamentos da sociedade.

A história começa quando Anna, uma professora de inglês, está prestes a embarcar em um voo com T.J. O rapaz tem dezesseis anos e se recupera de um câncer em remissão. A doença o deixou afastado do colégio e ele precisa retomar a matéria que perdeu durante seu tratamento, portanto, Anna lhe daria aulas durante o verão. Mas ao descobrir que o voo deles já estava lotado, Anna aceita de prontidão embarcar em outro avião – um que levaria apenas eles dois. O que nenhum dos dois esperava era que o piloto sofresse um ataque cardíaco e o avião caísse no mar.

A escrita da autora é muito gostosa. Narrado em primeira pessoa na visão de T.J e Anna, em capítulos alternados, “Na Ilha” passa ao leitor todos os tipos de sentimentos. O cenário e a atmosfera são perfeitos para acompanharmos não apenas a luta diária pela sobrevivência – a busca por comida, água e abrigo –, como também o limite psicológico de cada um deles e a convivência diária entre os dois. Até onde eles seriam capazes de aguentar? Os personagens buscam superar seus medos e encarar os perigos da ilha, mas não é tão fácil. Há poucos altos e muitos baixos; algumas passagens são angustiantes. Para mim, os momentos mais sofríveis foram os primeiros dias que os dois passam no local.

T.J e Anna foram personagens que me agradaram muito. Impossível não amá-los. Ficamos próximos aos dois por meio de seus relatos diários, suas inseguranças, as dificuldades e os momentos em que a esperança de um dia serem resgatados parece se esvair – um texto narrado  de forma surpreedentemente leve. Além disso, não pensem que todo o enredo baseia-se apenas no drama de sobreviver dia-a-dia na ilha. Os dois amadurecem muito e a convivência diária transforma dois estranhos de idades bem distintas – T.J com dezesseis anos e Anna com trinta –, em um casal apaixonado que busca o conforto nos braços um do outro. Um romance doce, construído em meio ao forte laço de dependência que criam entre si. Há cenas mais ousadas para os que gostam – como eu –, e o apoio mútuo é um dos aspectos mais gostosos de acompanhar nesse romance.

Os personagens, contudo, descobrem que teriam que superar mais do que apenas os desafios de uma ilha. Não quero entrar em muitos detalhes para evitar spoilers, mas uma parte do livro diz respeito aos desafios de um romance com diferenças de idade gritantes – um contexto envolvendo o olhar crítico da sociedade, as piadinhas e as dificuldades de se encaixar no ambiente pertencente a cada idade. Para o leitor que possa achar duvidoso a consistência desse romance, pode ficar tranquilo. A autora conseguiu passar em T.J a essência de um jovem que precisou amadurecer rápido. O personagem traz um jeito adolescente de início, mas sempre muito maduro. Ele é amável, apaixonante e decidido, um rapaz que torna-se um homem gradativamente ao longo do romance. Anna felizmente não é muito diferente, a personagem é forte, é sonhadora e lutadora – é muito fácil se apegar aos dois.

Eu amei o final e fiquei tocada pelo jeito como a autora terminou. Lindo, emocionante, Tracey Garvis Graves me conquistou com um texto singelo e despretensioso, onde o menos transformou-se em muito, muito mais. Um texto agridoce e leve; uma delícia de leitura que entrou para os melhores deste ano. Amei cada página.

Capa Original:

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terça-feira, 10 de setembro de 2013

O Teorema Katherine – John Green

image- Ficha Técnica:

- Título Original: An abundance of Katherines

- 302 páginas

- Sinopse: Após seu mais recente e traumático pé na bunda - o décimo nono de sua ainda jovem vida, todos perpetrados por namoradas de nome Katherine - Colin Singleton resolve cair na estrada. Dirigindo o Rabecão de Satã, com seu caderninho de anotações no bolso e o melhor amigo no carona, o ex-criança prodígio, viciado em anagramas e PhD em levar o fora, descobre sua verdadeira missão: elaborar e comprovar o Teorema Fundamental da Previsibilidade das Katherines, que tornará possível antever, através da linguagem universal da matemática, o desfecho de qualquer relacionamento antes mesmo que as duas pessoas se conheçam.
Uma descoberta que vai entrar para a história, vai vingar séculos de injusta vantagem entre Terminantes e Terminados e, enfim, elevará Colin Singleton diretamente ao distinto posto de gênio da humanidade. Também, é claro, vai ajudá-lo a reconquistar sua garota. Ou, pelo menos, é isso o que ele espera.

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[OFF TOPIC]

Quando se trata de John Green, ainda me sinto dividida entre a satisfação encontrada ao ler Will & Will – uma obra divertida, inteligente e leve, que não chegou de fato a me tornar fã do autor, porém me agradou muito –, e, agora, a decepção ao ler O Teorema Katherine. Embora o autor prime pelo mesmo estilo narrativo de uma maneira solta e fluída, a estrutura da história e os poucos acontecimentos marcantes tornaram O Teorema Katherine uma história muito arrastada e desinteressante. Além disso, há certo toque de pedantismo irritante que falarei mais para frente.

A história retrata a vida de Colin e seus dezenove relacionamentos com dezenove Katherines. Colin é um superdotado; sua inteligência acima de média o tornou um garoto solitário, de poucos amigos. Ao terminar com sua última Katherine, Colin está depressivo, desmotivado para tudo. É seu amigo Hassan quem consegue tirar o rapaz da tristeza com uma ideia em mente: os dois viajariam sem rumo, conhecendo lugares novos. Na viagem, Colin começa a desenvolver um teorema que mostraria quando um relacionamento terminaria e qual dos dois iria fazê-lo.

A abordagem de John Green prima por um estilo mais “desleixado”. Sua narrativa é solta, cheia de notas de rodapés onde, por vezes, o autor “dá pitaco” sobre seu próprio protagonista. Há observações tolas que soam engraçadas, outras que pareceram, na minha visão, desnecessárias. O leitor também encontrará comentários aleatórios sobre algum fato recorrente na história e uma atenção especial para os vários termos encontrados ao longo do livro – em geral o islamismo – cujo próprio autor tratou de explicá-las em suas notas.

De início achei interessante o modo como o autor prometia conduzir sua história. Trazendo  um clima on the road, onde o protagonista cai na estrada e agrega alguma mensagem ao longo da narrativa, me diverti nas primeiras páginas com o jeito afoito de Hassan e o comportamento introvertido de Colin. Este, como admite mais para frente, está em busca de reconhecimento pela sua genialidade e seu teorema que inventa para explicar matematicamente quando uma pessoa terminaria com a outra em um relacionamento amoroso. Entretanto, esse estilo inusitado, que prometia uma boa história, acabou caindo no vazio.

Determinados argumentos utilizados na construção do enredo me pareceram forçados demais. Colin teve dezenove namoradas antes mesmo dos vinte anos, porém mal consegue manter um diálogo interessante com seu melhor amigo ou qualquer outra pessoa de sua idade. Os dois, durante a viagem, passam a morar em uma mansão cuja dona oferece a eles – até então dois desconhecidos –, um emprego que pagaria quinhentos dólares por semana apenas para entrevistar algumas pessoas. Infelizmente, para mim, ficou pouco crível aceitar estas e outras situações singulares que permeiam a história. O leitor que não implicar com as peculiaridades certamente será mais feliz na leitura do que eu fui.

Fiquei com a impressão que John Green estava mais preocupado em inserir alguma metáfora na história do que desenvolvê-la propriamente. Embora a narração seja fluída, o ritmo é lento, poucas coisas de fato acontecem, o que me desanimou com a leitura. O protagonista é enervante com sua monotonia e seus comentários que não agregam ou transmitem algum vínculo com o leitor - o que, por consequência, fez com que eu o detestasse. O pedantismo ao qual me refiro fica justamente por conta de Colin e seus cálculos matemáticos, cálculos estes verdadeiros, já que o próprio autor afirma que pediu ajuda a um de seus amigos da área. As páginas semeadas de matemática me pareceu uma tentativa de elevar a história a um conhecimento rebuscado e, por mim, dispensável. Fiquei me perguntando quantas pessoas realmente pararam para absorver o conteúdo das fórmulas.

Caso fosse tirar alguma mensagem de O Teorema Katherine, eu diria que a história fala sobre pessoas que tentam o reconhecimento pelos seus talentos, que procuram ser alguém neste mundo e deixar sua marca na história. Quantas pessoas não sonham com isso? Porém quanto a trama, John Green deixou muito a desejar. O Teorema Katherine passou longe de ser meu livro favorito e, por enquanto, me privo de suas obras. Uma pena.

Capa original:

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