sábado, 8 de junho de 2013

Entre o Amor e a Paixão – Lesley Pearse

image- Ficha Técnica:

- Título Original: The Promise

- 502 páginas

- Sinopse: "Uma mulher dividida entre o compromisso e o calor de um relacionamento passado." No início da Primeira Guerra, Jimmy, o marido de Belle Reilly, é levado para as trincheiras mortais do norte da França e Belle percebe que não pode ficar de braços cruzados quando tantos estão sacrificando suas vidas. Armada de coragem e boa vontade, ela se torna voluntária como motorista da Cruz Vermelha, também na França. Então, enquanto cumpre seu dever humanitário, um trágico acidente lhe coloca frente a frente com Etienne — o homem que fez parte de seu passado e a quem nunca esqueceu completamente. Dividida entre a paixão proibida por Etienne e a lealdade e o amor por Jimmy, Belle encontra-se em uma situação impossível. A confusão de seus sentimentos, misturada à escuridão da mais brutal das guerras, a levará a sucumbir para sempre, ou a força da vida será maior e a conduzirá, finalmente, à verdadeira felicidade?

- Nota: image

O primeiro livro escrito por Lesley contava a história de Belle, uma menina traficada aos 16 anos e levada a se prostituir no submundo dos bordeis e prostíbulos luxuosos (clique aqui para ler a resenha). Na história, a personagem se adapta ao meio, porém enfrenta as piores situações que vão desde o estado social e moral dada a uma prostituta na época até condições físicas e psicológicas provocadas por abusos e violência. Por mais que livro traga uma atmosfera polêmica e apresente algumas falhas, eu gostei da história pela narrativa crua e realística, mas principalmente pela perseverança da personagem. Entretanto, o final me decepcionou por ser pouco desenvolvido e trazer uma escolha do qual, pessoalmente, eu não concordei. Parece que a autora também não gostou muito e decidiu escrever uma continuação para “contornar” sua escolha.

[A partir daqui contém spoilers caso não tenha lido o primeiro livro]

Entre o Amor e a Paixão, portanto, conta a história de Belle após o seu casamento com Jimmy. Três anos se passam em um casamento lindo e perfeito; Belle está feliz com seu marido amoroso, com sua loja de chapéus e sua família que incluía Mog e Garth. Mesmo a visita de Etienne em sua loja, por mais que tivesse mexido com seus sentimentos, não foi suficiente para tirá-la de seu pequeno mundo perfeito. Entretanto, ela começa a ouvir rumores sobre a guerra dos britânicos contra os alemães – a conhecida primeira guerra mundial –, e fica preocupada de que seu marido pudesse se alistar. Afinal, por onde quer que olhasse, via homens empolgados pela ideia de se aventurarem em uma jornada pela pátria. 

Jimmy, porém, lhe convence de que não se alistaria a menos que fosse obrigatório. Ele jamais deixaria sua esposa perfeita sozinha, mas as coisas começam a mudar quando os sussurros de “covarde” para os homens que não se alistaram ecoam nas esquinas, bem como os grupos de mulheres que entregavam penas brancas que simbolizavam covardia para todos aqueles que não tinham problemas físicos e mesmo assim não foram defender seu país. Pressionado pelo seu senso de honra, Jimmy se alista mesmo contra a vontade de Belle. A personagem, sabendo que não havia nada que pudesse fazer, acaba lhe incentivando e Jimmy parte para a guerra.

A partir daí, Belle passa por algumas situações que a impulsionam a seguir seu marido e ajudar por uma causa nobre. A personagem fecha sua loja de chapéus e se alista como voluntária para dirigir ambulâncias na Cruz Vermelha, sabendo que esta seria uma decisão que mudaria sua visão do mundo. Ela, então, passa a cuidar dos feridos no período de três anos. Nesse tempo, Belle presencia ferimentos terríveis, os rumores catastróficos da guerra, volta a se encontrar com Etienne e se preocupa todos os dias de que Jimmy voltasse para ela são e salvo.

A princípio pensei que o livro traria mais destaque ao romance de Etienne e Belle, já que é esta a premissa principal da história. Porém, Lesley Pearse escreveu um livro cujo fundo histórico da guerra ficou em primeiro plano e muitas vezes nos esquecemos do argumento romântico que foi pouco desenvolvido. As cenas entre Jimmy e Belle ou a mesma com Etienne são raras e pecam pela falta de profundidade. São quatro ou cinco cenas em meio as 502 páginas argumentadas na atmosfera da guerra. Fica a sensação de que a autora não conseguiu encaixar sua proposta principal e, portanto, tentou inseri-la-la nas poucas oportunidades que apareceram, o que me deixou frustrada.

A narrativa continua detalhista, prima por fatos históricos verídicos que contribui para a consistência do cenário e a situação psicológica de cada personagem. Temos como exemplo as penas brancas distribuídas por senhoras aos homens que não se alistaram para a guerra ou os tipos de licenças que homens conseguiam dependendo da gravidade de seus ferimentos; uma curiosidade no final da história é a nota que a autora traz listando os livros que utilizou para sua pesquisa. Lesley continua apostando em longas narrativas e poucos diálogos, o que me deixou dividida, pois as vezes gostava e muitas vezes me deixei cair pelo tédio. Ao mesmo tempo em que o meio traz verossimilhança e certa riqueza de detalhes - o que impacta o leitor com os horrores da guerra e comove em determinadas cenas -, o estilo peca por muitas vezes carregar uma narrativa repetitiva e cansativa. Para um livro médio, talvez não houvesse esse incômodo, mas mais de 300 páginas retratando o cotidiano de Belle na Cruz Vermelha – acordar cedo, cuidar de feridos, ver os horrores da guerra, dormir e lidar com condições precárias –, torna a história muitas vezes maçante. Chegou um tempo em que comecei a virar as páginas direto sem perder qualquer informação da história.

Uma característica da autora  um tanto quanto exagerado é abusar de situações dramáticas. No primeiro livro Belle sofre por surras, estupros ou preconceitos durante toda a história, e neste aqui não é muito diferente. Embora o tema retratado em Belle foi deixado de escanteio, a maré de má sorte continua lhe acompanhando até o fim, estendo-se inclusive a outros personagens. Ninguém no livro parece ter o direito de ser feliz sem antes sofrer as piores tragédias ou os piores traumas, o que contribui para aquele clima de desgraça todo o tempo. No final, voltei a achar extremamente forçado como de repente a autora decidiu dar um fim aos empecilhos para dar a personagem o final desejado.

O espaço temporal no livro é longo, passa-se mais de três anos no período da primeira guerra mundial com diversos saltos no tempo, e, portanto, poucos acontecimentos marcantes entre os personagens. Há uma ou duas vezes em que acompanhamos a narrativa voltada para Etienne e Jimmy, um fato que contribuiu sempre que eu estava achando a narrativa enfadonha. Etienne, principalmente, salva os momentos mais tediosos do livro com seu carinho e adoração por Belle, e Jimmy dessa vez transforma-se em um homem frio e distante pela sua condição devido ao que viu na guerra. Entre o Amor e a Paixão traz sim os dilemas dos votos de um matrimônio com amor ou a paixão de um homem que marcou a vida de Belle, porém de forma breve. Fica a sensação de que poderia muito bem ter cortado umas 200 páginas ou que o casal poderia ter sido mais desenvolvido. O foco acaba sendo passar ao leitor os detalhes da guerra. Por gostar de história, achei interessante, mas para um livro de 502 páginas, para mim, infelizmente, faltou o romance prometido. 

Capa original:

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