segunda-feira, 10 de junho de 2013

Emmi & Leo – Daniel Glattauer

image- Ficha Técnica:

- Título Original: Alle sieben Wellen

- 167 páginas

- Sinopse: Emmi & Leo: a sétima onda é a sequência dessa história tão intrigante quanto inusitada e que surgiu por erro de endereçamento no envio de um email. Na atual etapa, Leo Leike retorna de Boston após uma longa ausência, e é recebido por uma caixa de emails lotada de notícias de Emmi Rothner. O sentimento dos dois não mudou, e eles reiniciam a troca de mensagens. Só que agora Leo está namorando a americana Pamela, e Emmi continua casada. A orgulhosa Emmi e o tímido Leo nunca estiveram tão próximos, e ao mesmo tempo tão distantes.

- Nota: image

Talvez eu esteja sendo extremamente chata, mas Emmi & Leo foi uma das leituras mais decepcionantes deste ano. A continuação de @mor não apenas desconstruiu aquele romance viciante, forte, porém leve e gostoso de acompanhar como também traçou um enredo bem mais rígido, diálogos que não chegam a lugar algum e personagens que perderam o carisma uma vez que o foco visa acentuar a obsessão quase doentia que um protagonista sente pelo outro.

Emmi & Leo me frustrou logo no começo. Uma das minhas expectativas era o encontro tão idealizado no primeiro livro (clique aqui para ler a resenha de @mor). Bom… vários encontros ocorrem de fato, mas o leitor é privado deles no momento em que eles acontecem. Ficamos apenas com a visão de Emmi ou Leo para o dia seguinte, mas de forma breve e um tanto vaga. Aliás, se no primeiro livro tivemos diálogos inteligentes e ecléticos, que traziam sim um toque de angustia pela relação virtual conturbada porém deliciosa, que sabia como abordar de tudo um pouco, Emmi & Leo perde o foco por visar apenas a filosofia e as aparências de seu relacionamento via internet. Ou melhor, Emmi tornou-se o fio condutor de diálogos maçantes e Leo lhe acompanhou por sua dependência que chega a causar certa compaixão ao pobre personagem.

Em @mor, os dois travam conversas consistentes, mas aqui tudo parece ter saído de um script. Perdeu, para mim, aquele encanto de acreditar que eram mesmo duas pessoas escrevendo de forma natural, espontânea, como faria alguém conhecendo outro alguém por internet. Os diálogos são repetitivos, Emmi dá voltas e mais voltas para questões banais - o que muitas vezes acaba irritando. Ela nunca parece estar satisfeita com nada, qualquer simples frase ou resposta é motivo para longas dissertações malucas que acabam caindo na mesmice por repeti-las diversas vezes na história. Uma simples pergunta “O que você está vestindo?” é respondida como: “O que você quer que eu esteja vestindo? Como você quer que eu fale? O que você vai sentir se eu te disser que estou vestindo “x” e não “y”? Como será sua expressão quando eu disser que na verdade não estou vestindo nenhum dos dois? Porque acho que você preferiria que eu estivesse vestindo “w”? O que isso muda no nosso relacionamento? Porque você está demorando para responder depois que eu lhe disse que estou vestindo “T”? Ah caro Leo, você não gosta mais de mim só porque disse que  gosto de vestir “T”? Saiba que estou vestindo “T” porque uma vez me disseram que… (…) Leo? Leo? Leo? “… não é, obviamente, a réplica fiel do diálogo que passei aqui, mas a ideia geral que encontramos é esta. Para mim foi cansativo me deparar com conversas assim o tempo todo. Em @mor, pelo contrário, as ideias eram mais diretas, os diálogos mais concisos e o importante era trazer ao leitor o toque romântico que fez com que eu me apaixonasse pelo casal. Mas o romance se perdeu e no lugar acompanhamos a obsessão de Emmi por manter seu “brinquedinho particular” para si.

Outro ponto irritante em seus diálogos foi a tentativa frustrada de soar poética e filosófica. Eu nunca coloco quotes nas minhas resenhas, mas acho que o texto abaixo exemplifica o que quero dizer:

“Agora já devem ter passado, o que, dois anos de “outra coisa”? Mas seu “outra coisa” pode oscilar com força para o lado de “uma coisa” , meu querido. Se você como “outra coisa” já consegue ser tão “uma coisa” , quão “uma coisa” você seria se já fosse realmente “uma coisa”?

É extremamente chato acompanhar seus raciocínios que, como eu disse, não chegam a lugar algum. Essa obsessão da personagem em questionar tudo e analisar cada detalhe minúsculo com teorias filosóficas beira ao bizarro. Em dado momento, Emmi conta os minutos em que Leo leva para responder seu e-mail e traça toda uma análise do motivo de sua demora, assim como avalia o significado de cada palavra que ele usou para construir seu e-mail. Se forem três pontos, há um motivo por trás, se foi um “sim” seguido de vírgula, lá vem a personagem com sua teoria… Emmi claramente mostra que o romance se evaporou e no lugar encontramos uma personagem carente que procura manter à atenção de Leo com exclusividade. Para isso, ela não se importa em fazer chantagem, implorar e exigir atenção e contar suas idas ao psicoterapeuta onde ele é o principal assunto e o motivo dela ir a um. No mínimo, nada saudável.

No primeiro livro o caráter moral dos personagens é deixado em aberto, porém dessa vez não resta dúvidas. Parte da consciência do leitor decidir, em meio ao contexto, se o que Emmi & Leo fazem é moralmente aceitável, principalmente porque neste livro Leo também se encontra em um relacionamento. Mas confesso, o personagem inspirou compaixão em mim… o rapaz mostra-se encantado e acaba se deixando levar pelo egoísmo e hipocrisia de Emmi – assim como seu “jeitinho” de manipulá-lo –, o que complica sua situação na sua vida amorosa real. Cheguei a conclusão que ele teria se dado melhor sem ela.

Entretanto, as últimas páginas conseguiram me agradar pois senti aquele toque familiar que encontrei no primeiro livro, mas aí já estava de cara virada para a história. Se o intuito do autor foi mostrar como um relacionamento a princípio inocente pode tomar proporções absurdas de dependência, então ele foi extremamente feliz. Porém, fui atraída na relação dos dois pela promessa de um sólido romance, não pelos dilemas da relação obsessiva que não conseguiram me encantar. Para mim, @mor foi uma excelente leitura, mas infelizmente não consegui ser fisgada pela sua continuação…

Capa Original:

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Um comentário:

  1. Me mata de uma vez!!!
    Cheia de curiosidade e nada de chegar o meu.
    A porteira do prédio já está me olhando atravessado!

    Adorei sua resenha e os argumentos foram consistentes, espero ter uma experiência mais positiva dessa leitura. (mas como sou sua gêmea literária, já sei que não terei)

    Beijão

    ResponderExcluir

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