terça-feira, 16 de abril de 2013

Os Doze – Justin Cronin

image- Ficha Técnica:

- Título Original: The Twelve

- 592 páginas

- Sinopse: Em A passagem, doze prisioneiros sentenciados à morte foram usados em um experimento militar que buscava criar o soldado invencível. Mas a experiência deu terrivelmente errado. Um vírus inoculado nas cobaias acabou com qualquer resquício de sua humanidade e elas fugiram, matando ou infectando qualquer um que cruzasse seu caminho. Os infectados se tornavam virais obedientes a seu criador, mais um de seus Muitos. No caos que se formou, a única chance de sobrevivência para a espécie humana eram fortificações altamente protegidas. Assim se formou a Primeira Colônia, um reduto a salvo dos virais, mas isolado do resto do mundo. Noventa e dois anos depois, uma andarilha surgiu às portas da Colônia. Era Amy Harper Bellafonte, a Garota de Lugar Nenhum, aquela que iria liderar um grupo de colonos e... Agora, cinco anos após ter cruzado as Terras Escuras em busca de respostas e salvação, seu grupo está separado. Cada um seguiu seu caminho, mas seus destinos logo voltarão a se cruzar, num embate definitivo contra uma ameaça mortal. Fanning, o Zero, aquele que deu origem ao apocalipse, tem planos para refazer o grupo dos Doze e conta com um aliado poderoso, disposto a qualquer coisa em nome da própria imortalidade. Segundo livro da trilogia A passagem, Os Doze nos faz questionar a mente humana, os avanços científicos e a busca do poder que leva a uma certeza sombria de nossa capacidade para o mal. Mas, acima de tudo, ele reforça nossa esperança em uma humanidade que se adapta, sobrevive e não se rende.

- Nota: clip_image004

Três anos atrás fiz resenha do primeiro livro da trilogia escrita por Justin Cronin. Vocês podem conferir a resenha de A Passagem clicando aqui. Lembro que quando terminei o livro, fiquei decepcionada ao já saber na época que a continuação seria lançada apenas três anos depois. Agora, posso dizer que a espera valeu a pena.

O livro é grande, cheio de personagens e, portanto, o meu objetivo na resenha não será contar em detalhes o papel de cada um, mas sim como um todo. Em A Passagem, o leitor acompanha um experimento militar que sai de controle. A sinopse faz um excelente resumo, sem grandes spoiler, de como o mundo foi aos poucos decaindo e entrando em colapso graças a esse experimento. Na minha resenha de A Passagem, vocês também podem entender a ideia geral do livro. Já em Os Doze, o leitor acompanha os efeitos catastróficos no ambiente e na mente e atitude das pessoas.

Os Doze é aquele tipo de livro que o número de páginas não assusta o leitor, porque a narrativa viciante de Justin Cronin, junto a uma história elaborada, cheia de detalhes ricos e bem construídos, prende você à história do início ao fim. As quase 600 páginas passaram voando e fui conduzida da angustia ao alívio, do choque a expectativa. Foram vários o momento em que me vi na esperança de que tudo acabasse bem.

A história de Os Doze se passa cinco anos depois dos acontecimentos finais de A Passagem. Aqui, há a introdução de novos personagens e somos levados a conhecer cada um deles de um modo bastante íntimo. Justin Cronin não explora somente a situação externa do ambiente, ele aborda o psicológico de cada personagem mediante a situação de um mundo pós-apocalíptico; ou seja, um mundo caótico e destruído. Há aqueles que enlouquecem e a sensação é angustiante, outros lutam pela sobrevivência, e é a realidade como Justin conseguiu transmitir essa esperança, essa luta para se salvar, que conseguiu me emocionar e me levar as lágrimas várias vezes. Principalmente porque, neste aspecto, o autor não tem coração; ele desafia seus próprios personagens, tortura e os sufoca, causando ao leitor momentos angustiante de tensão e drama.

A proposta do livro não fica clara logo no início, vamos desvendando aos poucos sua intenção. É preciso ter paciência, pois  primeiro Justin Cronin nos relembra alguns acontecimentos de A Passagem, para depois introduzir novos personagens – que a princípio não nos parece ter ligação alguma –, além daqueles que já estávamos acostumados a ler no primeiro livro. Há uma quantidade absurda de personagens, e embora este seja um ponto que eu achei não tão favorável, cada um deles leva sua importância à história. Aos poucos torna-se perceptível a linha sutil que conecta todos a uma única só trama.

A escrita de Justin Cronin é minuciosa. Para ele parece importante conduzir o leitor à descrições detalhadas do ambiente, das roupas, até mesmo do clima. É incrível como me deixei levar por essa atmosfera; em momento algum sua narrativa cansa ou torna-se insípida. A história também não deixa por menos, é um bolo de informações que foi preciso uma leitura mais atenta; caso contrário é fácil deixar escapar alguma coisa. E, mais tarde, você descobre que aquele “alguma coisa” pode facilmente ser uma das partes importantes do quebra cabeça construído pelo autor.

É lá pela metade do livro que entendemos sua proposta. Porque aqui, quem espera que a história seguisse o foco dos virais, como no primeiro livro, vai acabar se decepcionando. Eles voltam a ganhar ênfase lá pela metade, pois o ponto principal de Justin foi construir um cenário onde o homem torna-se o principal inimigo dele mesmo. Movido pelo desespero, pela ganância e pelo pior do ser humano, acompanhamos uma nova espécie de governo opressor, que tenta manter 70 mil habitantes em rédeas curtas. As pessoas são humilhadas, espancadas por qualquer motivo, tratadas como lixos e obrigadas a trabalharem em regime escravo. Tudo, como o próprio sistema afirma, “em nome da pátria”. Suas vidas se resumem a sobrevivência e submissão, mas há aqueles que lutam contra o sistema.  Qualquer semelhança à um campo de concentração, para mim, estava longe de ser coincidência.

Os antigos personagens também não aparecem logo de início. Amy é a única que introduz a história, mas Peter, Sara, Alicia, Hollis e Michael só dão as caras lá pela metade do livro. O leitor acompanha a introdução deles à tentativa de acabar com o sistema opressor, além de lidar, claro, com o problema dos virais. Amy passa de criança a mulher, e alguns dos mistérios que pairava sobre ela no primeiro livro é revelado. Aqui, ele brinca com o surreal, os sonhos e a mente.  Ainda assim, há algumas coisas que o autor obviamente deixou para o último livro da trilogia.

Ainda que eu tenha adorado a história, tive dois probleminhas durante a leitura. A primeira foi justamente a quantidade de personagens na história. Até aí  não é problema, se não fosse pelo fato do autor apresentar determinado personagem lá na página 100, por exemplo, e ele retorná-lo apenas na página 500. Até o final do livro, óbvio, eu já havia decorado todos, mas levou um tempinho para eu me acostumar a essa dinâmica do autor.

Outro problema foi a passagem de tempo. A história é divida em várias partes e, geralmente, cada parte evoluía para um determinado ano. Mas poxa, custava ter colocado a data exata no início do capítulo? Não, o leitor tinha que pescar alguma informação durante a narrativa para entender quantos anos haviam se passado em determinado capítulo. Às vezes era só no final de uma longa parte que o personagem dizia que havia se passado quinze anos Além disso, eu tenho quase certeza de que se alguém realmente sentar para fazer essas contas, ela não bate. Senti isso em certa parte do livro, onde o personagem revela que havia se passado mais de cem anos sobre um determinado assunto.

Há exceção desses aspectos, Os Doze continua tão bom quanto seu antecessor. Eu indicaria para as pessoas lerem apenas quando os três livros já estivessem aqui no Brasil; pois, como aconteceu com minha leitura de A Passagem, eu terei que esperar mais dois anos pela continuação. Uma pena, da forma brilhante como o autor aborda sua história, já estava no clima de ler mais outras seiscentas páginas sem problema algum.

Capa original:

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2 comentários:

  1. É minha próxima leitura. Eu estava com muita vontade de ler uma resenha antes. A sua veio na hora certa!!
    Sou fã do autor.E pelo que senti, mesmo com os pontos negativos que você citou, eu já sei que vou amar o livro!!!

    Parabéns, estou impressionada com a SUA narrativa!! Incrível mesmo!!

    Bjkas


    Alessandra Tapias
    http://topensandoemler.blogspot.com.br/

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    Respostas
    1. Justin Cronin é demais, não é? E muito malvado tbm, me emocionei em certas partes. XD Sou apaixonada por essa trilogia e não vejo a hora de ler o terceiro *0*

      Ah, muito, muito obrigada! Fico muito feliz de ler um elogio desses! *cora* >.<

      Bjos!!!

      Excluir

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