A Carícia do Vento - Janet Dailey

Touch the Wind 

Livro que marcou a estréia de Janet Dailey na lista dos mais vendidos do The New York Times, A Carícia do Vento consagrou a autora como uma das maiores romancistas do gênero. A protagonista é a jovem milionária Sheila Rogers, bela, impulsiva e mimada que vivia em Austin, no Texas. Sheila contraria as expectativas de seus pais e foge para Juarez, no México, com Brad Townsend, um homem bonito e envolvente, mas que nada mais era senão um caça-dotes. A lua de mel do casal converte-se num verdadeiro inferno quando seu marido é brutalmente assassinado e ela é sequestrada e levada por um bando de pistoleiros para um esconderijo nas montanhas. É ali que Sheila conhece Ráfaga, homem corajoso e idealista, e logo o ódio se transforma numa paixão arrebatadora.

Sábado comecei a conversar sobre esse livro com algumas amigas, e pensei que A Carícia do Vento seria ótimo para a resenha de segunda feira. Não só o tema do livro é excelente para motivos de debates, como também o livro é um dos meus favoritos.

Muita gente já deve ter lido algum livro em que a moçinha é seqüestrada e acaba se apaixonando pelo seu raptor. (aqui no blog tem a resenha de A Rebelde, o livro da Hannah Howell que faz bem o tipo desse gênero). Mas Janet Dailey consegue se superar, mostrando uma visão perfeita do que seria a verdadeira síndrome de Estocolmo. (quando a vítima se apaixona ou sente pena de seu raptor)

O livro é contemporâneo. Se passa no México, quando Sheila Rogers decide fugir com seu namorado Brad para lá, casando sem o consentimentos dos pais. Ao que tudo parecia um conto de fadas, acaba virando pesadelo. Sheila acaba descobrindo que o príncipe encantado que se casou na verdade era um mau caráter, arrogante, e prepotente que não sabia fazer outra coisa senão tratá-la mal e esbanjar o dinheiro dela. Até aí tudo bem - você pensa. Mas as coisas só tendem a piorar quando eles são interceptados por um grupo de homens mexicanos em uma estrada. Brad acaba sendo morto por esse bando,  e Sheila virando refém do grupo de renegados, comandado por Ráfaga.

A princípio pensei que Sheila teria algum tipo de envolvimento com Laredo, o braço direito de Ráfaga. (eu ainda espero que a Janet Dailey faça um livro dele), mas logo Ráfaga entra em cena com seu sotaque acentuado, sua personalidade arrogante, e o seu jeito que o faz parecer mais o vilão do que o moçinho mesmo. Sheila passa por diversas situações que ela mesma coloca como humilhantes, como cozinhar para eles, precisar tomar banho numa cachoeira com Ráfaga a observando, passar o dia trancada no quarto. Sheila tenta fugas, ataques de histeria, xingamentos, mas de nada adianta. Ela descobre que Ráfaga não tem a intenção de pedir um resgate, tampouco desfazer-se dela. E o que era um sentimento de ódio, aos poucos - com uma narrativa crua própria da Janet -, acaba se transformando em amor. As cenas picantes são, do melhor modo para se descrever, selvagens.

Até então eu não conseguia entender como alguém poderia ser capaz de se apaixonar pelo seu captor. Temos vários exemplos de fatos que realmente aconteceram, mas o melhor deles para descrever seria talvez o caso que aconteceu em 1974, quando Patty foi sequestrada em um banco, e juntou-se a eles logo após ser libertada. E lembrando que o livro não é um conto de fadas, Sheila sofre um bocado nas mãos de Rafaga. (não vou estragar com spoiler, mas quem leu sabe do que estou falando), chegando até mesmo em punição física. (essa foi pra mim a parte mais forte do livro).

Ainda assim é difícil odiar Ráfaga o tempo todo. Há momentos em que ele se mostra carinhoso, e também chega sofrer com o próprio sentimento de culpa quando por um erro Sheila acaba sendo raptada (de novo!) por um de seus inimigos. Não recomendo o livro a todos, porém, como eu falei  outro dia, é preciso ler com a mente aberta. Tenho certeza que quem ler vai virar fã desta autora. ;)