O Supreme Romance não podia deixar de lado a estreia de um dos filmes mais aguardados pelos fãs do gênero. O blog foi conferir ontem, no dia 18, a adaptação do fenômeno mundial de vendas da trilogia erótica escrita por E. L. James.
Por adaptação, subentende-se da dificuldade em traduzir quatrocentas e tantas páginas em pouco mais de uma hora de filme, especialmente ao falarmos de uma trilogia narrada em primeira pessoa. Trazendo uma história carregada de cenas de sexo, de pensamentos íntimos e de trocas de e-mails constantes, ficou claro o desafio que a diretora Sam Taylor Johnson teria em mãos. Acrescente as expectativas, a troca de atores de “última hora” e mais tantos outros pormenores que acompanham as histórias; o resultado é um filme que apresenta seus altos e baixos, mas que abre caminho para sequências promissoras.
Assim, é compreensível que muitas das cenas fossem deixadas de lado, outras, adaptadas com um toque de originalidade concedida a cada filme baseado em livro. Cinquenta Tons de Cinza ganha suas pinceladas com os principais momentos das páginas do primeiro livro da trilogia. Entretanto, é impossível não sentir falta de uma cena aqui ou ali que parecem essenciais para compor o cenário entre o bilionário Christian Grey e a ingênua Anastasia Steele. Cenas como o encontro com a família de Christian passam num piscar de olhos, e diálogos intrincados permeiam os primeiros minutos nas telas de cinema. O incômodo principal fica por conta do tempo de duração do filme; no final, a sensação é de termos assistido um apunhado rápido e apressado da história. No mínimo, uma meia hora a mais teria feito toda a diferença.
Enquanto todas as apostas estavam contra Dakota Johnson, a atriz se sobressaiu e foi além, reestruturando uma Anastasia Steele ingênua, boba e, quiçá, muito chata, para uma personagem mais solta, divertida e simpática. Consequentemente, alguns de seus dilemas, como os receios envolvendo Christian, juntamente com o seu desconforto com a prática BDSM, quase passam despercebidos. Se não pelas últimas cenas, o espectador certamente teria chegado a conclusão de que a personagem se diverte desde o primeiro momento em que é introduzida as práticas sexuais de Grey.
E por falar nele, Jamie Dornan acaba por passar uma enorme insegurança, talvez pela responsabilidade que lhe foi atribuída. É visível seu desconforto, tanto dentro das cenas quanto nas primeiras entrevistas concedidas ao longo da espera pela adaptação. Timido, o ator parece sem jeito quase do início ao fim. Contudo, Jamie Dornan se solta nos cento e quarenta e cinco minutos de filme, brindando o espectador quanto a tão sonhada personificação de um Christian Grey sólido e fiel ao livro. Os gestos, os olhares intensos e sua aparência no estilo galã, trazem o melhor do ator para o personagem.
Por mais que o ritmo apressado da história atrapalhe um pouco, muitas cenas estão bem construídas, acrescentado um toque de singularidade própria que não poderia faltar. As cenas de sexo, desejadas por muitos, trazem uma sensibilidade interessante aos mais púdicos, mas não deixam de levantar um porém: o receio em fazer um filme baseado num livro erótico. Se por um lado Cinquenta tons de cinza abusou das linguagens corporais, por outro tudo foi feito sob um cuidado exacerbado pela apreensão de cair no pornô. Cenas de sexo coreografadas ao exagero, tomando sempre o cuidado de não mostrar muito, somente reforçam essa ideia.
Sendo otimista, Cinquenta Tons de Cinza é um filme de estreia para um possível caminho promissor. Mesmo derrapando em muitos aspectos, o filme consegue agradar por cima. Entretanto, se quiser atingir um ápice de seu gênero, uma mudança aqui ou ali será necessário para compor uma história mais firme, que leve o público a se interessar pelos próximos da trilogia.
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