quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

A Infiltrada (Infiltrando-se na N.S.A) – Natália Marques

image- Ficha Técnica:

- Sinopse: Membro da máfia italiana Padova, Claire Evans infiltra-se no treinamento militar da agência de segurança nacional norte-americana – NSA – assumindo o pseudônimo de Hailey Dawson. No prazo de um ano, precisa permitir a entrada do maior carregamento de drogas da história no país e matar o generalíssimo Alan Beckert, que tem contas a acertar com a máfia. Contudo, sua vítima não é tão fácil. Além de frio, misterioso, rude, terror dos novatos e possuidor de incríveis olhos verdes que parecem enxergar até sua alma, ele parece saber quem verdadeiramente é. Sabendo que precisa tirá-lo de seu caminho, Claire aproxima-se do temido militar, mas acaba cometendo o pior de todos os erros: apaixona-se por ele. Uma história envolvente que vai prender você a cada capítulo.

- Nota: image

Torço um pouco o nariz para lemas do tipo: “vamos/temos que apoiar a literatura nacional”, pois um lado meu pensa que a nacionalidade de um escritor não é (ou não deveria ser) sinônimo para que ele seja apoiado, comprado ou elogiado. Apenas seu dom de contar uma história - sendo o autor ele um brasileiro, americano, chinês ou indiano –, determina sua qualidade como escritor e se, por tal, ele será ou não apoiado e elogiado. Mas há certas ressalvas e, vez ou outra, nos deparamos com elas. Pois eu confesso, dá certo “gostinho” de orgulho nacional quando descubro uma obra de boa qualidade e, como adicional, descobrimos que provém de uma escritora brasileira.

Foi essa sensação que tive ao terminar o livro da Natália Marques. A autora começou como muitas outras, escrevendo sua história a partir de uma fan fic de Crepúsculo. Sinto muito por aqueles que, nesse momento, estão revirando os olhos e dizendo “mais uma?”, pois A Infiltrada está longe de ser mais uma obra singela de aspectos falhos que lembram descaradamente as transcrições de  diálogos entre Edward e Bella. Aliás, se fosse unicamente pela história, eu nem saberia que a mesma se originou de um fan fic. O embasamento da história é sólida, fiel a proposta e bem original.

Mas, vamos ao livro? Ao começar a leitura, somos apresentados a heroína-vilã Claire, integrante da máfia Padova. A personagem recebe a missão de se infiltrar na agência de segurança norte-americana (N.S.A) para, assim, permitir o maior carregamento de drogas da história. Como um “bônus”, ela deveria matar o generalíssimo Alan Beckert, que possui antigas contas a acertar com a máfia italiana. Até aí tudo bem, Claire estava pronta para se sair bem em sua missão e voltar a ter um status considerável dentro da máfia. Porém, a convivência com o terrível Alan e o dia a dia ao seu lado a faz perceber que as coisas não seriam tão fáceis quanto imaginava: Claire acaba se apaixonando por ele.

A ideia de matar o homem a quem se ama é o conceito principal para uma história de quase quinhentas páginas, que despertam os mais variados sentimentos. O que poderia ser a parte mais tensa do livro – a máfia –, na realidade mostra-se de forma leve, sem qualquer pretensão de passar uma ideia mais tenebrosa e realística, embora eles não deixem de ser os vilões. Até mesmo Marco fez com que eu ficasse dividida se ele deveria receber seu merecido castigo ou talvez pudesse obter a redenção, embora para Marco isso certamente significasse mulheres, dinheiro e vida boa.

Mas é no ambiente da N.S.A que faz com que o leitor se veja quase íntimo dos personagens. Claire passa um ano em treinamento na N.S.A, e, com isso, acompanhamos seu dia a dia ao lado do terrível general Alan. Claire é a típica personagem que está longe de ser uma donzela indefesa. Construída de forma sólida, a mocinha-vilã é forte, decidida, não leva desaforo para casa e possui uma veia sarcástica que garante boas doses de descontração durante a leitura. É com esse lado quase pueril de “menina travessa” que ela usa para importunar e se infiltrar no muro invisível que Alan Beckert construiu para si próprio. O primeiro encontro entre os dois traz a antipatia certa e Alan transforma a vida do “novato” num verdadeiro inferno, porém, ao mesmo tempo, é impossível não se deixar cativar pelo apaixonante herói reservado, com cicatrizes do passado e que, no fundo, como a própria personagem cita em uma das passagens mais belas do livro, só quer ser amado.

E por falar em amor, o romance não nasce de uma hora para outra. Ele é construído pouco a pouco, através de olhares profundos, gestos mais ousados e até mesmo nos diálogos de escárnio que Alan e Claire trocam de forma tão natural, que quase não notamos quando o clima descontraído cede lugar as cenas de reflexões profundas e momentos marcantes que os dois compartilham juntos. Com isso, a autora nos mostra que por trás de um personagem marrento e uma heroína com espírito de menina –  temos dois personagens com marcas profundas em seu coração que precisam do consolo um do outro.

Por mais que eu adore livros românticos com cenas bem mais ousadas do que as descritas no livro, Natália mostrou que consegue prender o leitor sem elas. Isso não signifique que não temos bons momentos de clima quente entre o casal, mas nada tão explícito para quem curte algo mais hot. Mesmo assim, as duas cenas mais românticas e lindas que já li partiram desse livro, sem qualquer conotação sexual. Não é toda a autora que consegue esse feitio.

Quanto às críticas, embora eu admita que o trabalho de diagramação da Editora Lio seja uma das mais bem feitas, a mesma deixou a desejar quanto a revisão. Em todo o momento eu me deparava com errinhos bobos, outros até mais gritantes, mas, no geral, coisas que uma verdadeira revisão não teria deixado escapar. Além disso, como eu não cheguei a acompanhar a fan fic, a expressão “filha de um pai” me pareceu uma tentativa de bordão que, ao meu ver, mais irritou do que agradou. O uso repetitivo faz com que o personagem Luke se torne irritante e eu ficava torcendo para ele não aparecer tão cedo nas cenas. Ao contrário de muitos, eu não consegui me apaixonar por ele. Para exemplificar melhor, eu diria que “filha de um pai” está para A Infiltrada assim como “deusa interior” está para 50 Tons de Cinza. Você até gosta vez ou outra, mas milhares de vezes na mesma página acaba cansando.

Alguns termos também me incomodaram, como “ósculos” e “orbes” que, lá pelo final do livro, começaram a aparecer em demasia. Minha implicância não se trata do rebuscamento do vocabulário, mas que tais palavras, para mim, não pareciam se encaixar na narração. A história é contada de forma mais suave e solta, não combinando com palavras mais pesadas como essas. Também não consegui achar excitante quando lia que seus “ósculos molhados mexeram com ela.“

Ainda assim, os pormenores negativos não foram suficientes para diminuir a qualidade da história e da narrativa. O livro é carregado de amor, belas cenas, ação e tensão. As últimas cinquenta páginas deixam o leitor com o coração comprimido no peito, mostrando mais uma vez que não se trata apenas de mais um livro de romance, mas sim de personagens humanos, que precisam superar seus próprios demônios pessoais e escolherem seus futuros, entre o certo e o errado. Tanto Alan quanto Claire querem uma segunda chance da vida e procuram a redenção. É lindo e tocante.

Há tempos eu não devorada um livro nacional como o de Natália. Terminei o livro com aquela sensação já conhecida quando por fim fechamos a última página de uma obra que, com toda certeza, vai ficar na memória por um bom tempo. O bom é saber que haverá uma continuação para essa história. Entro na torcida para que seja o quanto antes! ;)

Por fim, termino minha resenha voltando ao ponto de vista que apresentei em meu primeiro paragrafo: Natália merece ser apoiada, elogiada e, para mim, A Infiltrada – Infiltrando-se na N.S.A entra para a lista de melhores leituras deste ano. Natalia Marques é, com certeza, a autora mais “filha de um pai” de 2012 ;) Recomendadíssimo.

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PS: Provavelmente esta é minha última leitura de 2012, então… feliz ano novo pessoal! :)

14 comentários:

  1. Acompanhei sua empolgação pelo twitter e graças a isso vim ler a resenha e descobrir mais sobre esse livro.
    Ando me surpreendendo positivamente com os livros nacionais *palmas para os nossos escritores*

    O único problema é o preço dos livros (beeeem salgados),mas acredito que valerá a pena,pois fiquei ansiosa para conhecer a estória do Alan e da Claire

    Sua resenha ficou ótima!!!!!!

    bjs Nati

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    1. Nha, pois é, só dava a louca aqui lá no twitter devaneando sobre o Alan >.< *quero um generalíssimo pra mim*

      Foi uma grata surpresa esse livro, não imaginava que fosse tão bom (se bobear, acho que foi o melhor que li esse ano, mesmo com os erros gramaticais). Concordo que os preços nacionais ainda são muito salgados, infelizmente. :( Não que eles não mereçam, pelo contrário, mas não consigo entender essa matemática onde não é preciso pagar tradutores e direitos autorais (dependendo da editora), e, na maioria dos casos, o dinheiro sai do próprio bolso do autor. (vulgo Novo Século) Talvez o preço saia mais caro por conta da tiragem pequena, vai saber...

      Ainda assim, vale a pena cada centavo. A história desses dois é linda e sofrível, torci cada minuto por eles. (no final, quase chorei rsrs). A resenha foi minha tentativa de passar tudo que senti na leitura, mas acho que não deu para mostrar nem 1/3 do que a leitura realmente foi. Enfim, amei.

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  2. Comecei a ler sua excelente resenha e me interessei pelo livro, mas quando cheguei na parte do “ósculos” e “orbes”, foi um banho de água fria. O uso deste tipo de vocabulário, no meu ponto de vista, acabada com todo clima de uma cena de amor ou sexo. O “ósculos molhados mexeram com ela", não tem nada de excitante.

    Além disto, achei muita "coincidência" que exatamente este mesmo vocabulário seja utilizado em outro livro da Editora Lio, "Entre a Nobreza e o Crime", da Jane Herman.

    Então, quer dizer temos duas escritoras nacionais, da mesma editora, que escrevem usando o mesmo tipo de vocabulário, que não é um vocabulário presente em outros livros nacionais ou nos traduzidos para o português e, muito menos, no nosso dia-a-dia? Estranho!

    Adorei sua resenha, Bruna. Parabéns!

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    1. Ah, obrigada Isabel!!! :D

      Eu já li algumas resenhas sobre EANEOC, concordo que esse tipo de vocabulário não é nada excitante. Felizmente os dois termos só aparecem mais para o finalzinho do livro, então não foi assim tão negativo.

      Acho que os dois livros bateram com os mesmos termos porque as duas eram amigas e escreviam fan fics na mesma época. Já fiz muito dessa "troca de vocabulário" na época em que escrevia uma também. :)(*le fazendo suposições* hehe)

      Mas isso é tão pequeno perto da história, achei ela linda e a Natália escreve muito bem. Tive que cortar algumas coisas da minha resenha (ou ela ficaria maior do que já está! rs), mas, além de tudo, a Natália tem menos de 20 anos. Um prodígio de escritora que deixa muitas por aí no chinelo.

      Leia porque vale muito, muito a pena!

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  3. Oiiinnnn!!!
    Como estou feliz que tenhas gostado e que reforce nossas compatibilidades literárias. haha
    Amei a resenha, beijão!

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    1. Não adianta De, temos um gosto literário primoroso, de bom gosto inquestionável *metida - cof, cof* e ainda somos gêmeas literárias <3 hahaha Eu amei tanto esse livro que ainda estou com aquela sensação de "depressão" pós leitura :( *sninf, sninf* Beijos!

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  4. oi Amiga, adoreiii a resenha.

    Você me falou tanto, mais tanto desse livro que vou ter ler logo se não vou "aguar", huahuahaua.

    Adorooo livros com mocinhas fortes e em que o romance surge de pouco a pocuo com a convivência.

    Sua resenha ficou super empolgada e estou realmente animada a ler esse romance. ^^

    beijos.

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    1. Adorei esse termo "aguar" hahahahaha

      Eu também, odeio mocinhas muito indefesas ou até muito surreais de mais, mas a autora soube equilibrar bem as duas coisas. A Claire é forte, mas não deixa de esconder um lado humano que mostra que ela não pode ser perfeita 100%

      Nem deu p/ ver que fiquei empolgada né? (e nem fiquei te pentelhando p/ ler o livro hahahahaha) É a sua cara esse livro Lu, tu vai amar ^^ Beijos!

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  5. Eu indico para aqueles que amam uma comedia ação este livro. me lembo de quando a Natália postava ele no Nyah eu lia sempre que ela postava ficava ansiosa porque este livro é simplesmente viciante.

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  6. Agradeço a Deus que achei seu blog, quando vc dá 5 estrelas me preparo pra me deliciar com o livro. Com A infiltrada me apaixonei! Tb acho que podia melhorar um pouquinho aqui e ali, mas com certeza é um livro apaixonante. Gostei muito das partes descontraídas. As personagens são o ponto forte, o general e o novato me cativaram. Infelizmente nada da continuação até agora.

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    1. Você não sabe o quanto é legal ler isso, Alice. :) Mto obrigada pelo elogio ^^ Fico feliz que vc tenha curtido o livro.

      Pois é, tbm queria mto a continuação. Pena que, até agora, nadica de vir :(

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  7. como faco para comprar o primeiro livro da Natalia Marques A INFILTRADA INFILTRANDO-SE NA N S A? JÁ TENTEI DE TUDO E NÃO CONSIGO. ME AJUDE. MEU I MAIL: aminaide@gmail.com. Grata.

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    1. Olá Jose,
      Até onde eu sei, a editora abriu mão dos direitos autorais de publicação do livro. A Infiltrada agora encontra-se disponível somente em ebook, pelo site da amazon.
      Abs

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