domingo, 20 de maio de 2012

@mor – Daniel Glattauer

image

- Ficha Técnica:

- Título Original: Gut Gegen Nordwind.

- 184 páginas

- Sinopse: Num e-mail enviado por engano, começa um relacionamento virtual que testa as convicções de Leo Leike e Emmi Rothner. Leo Leike, ainda digerindo o fracasso de seu último relacionamento, responde de forma espirituosa a duas mensagens enviadas por engano por Emmi Rothner, casada. Inicialmente, ela só queria cancelar uma assinatura de revista. Depois, inclui Leo por engano entre os destinatários de um e-mail de boas festas. Na terceira troca de e-mails, o mal-entendido dá lugar à atração mútua, reforçada pelo fato de um nunca ter visto o outro. Nada como a curiosidade instigada por frases bem encadeadas chegando a intervalos regulares numa caixa postal eletrônica para que os dois se esqueçam dos possíveis impedimentos. A cada dia, Leo e Emmi se sentem mais impelidos a marcarem um encontro. Após trocas contínuas de mensagens, está claro para ambos que o marido dela e as feridas emocionais dele não serão obstáculos para que marquem um encontro. O único obstáculo real é a insegurança de ambos quanto à transformação da fantasia em realidade. A expectativa é uma faca de dois gumes e a realidade pode não estar à altura.

- Nota: 4

Quando @mor foi lançado no Brasil (lançamento da Suma de Letras), acompanhei algumas resenhas e cheguei a comentar com uma amiga que, muito provavelmente, eu não iria gostar do livro. Um desses tipos de pré-conceito que eu tinha com livros finíssimos e narrativas epistolares (que até ler esse livro, eu nem sabia que existiam, mas só de imaginar a narração meu lado chato apitou e eu virei a cara). Imaginem, acompanhar 180 páginas exclusivamente composto de e-mails de um personagem para outro, prometia algo maçante. Por mais diferente que parecesse, uma hora ia acabar cansando!

Mesmo com toda essa idéia na cabeça, resolvi dar uma chance. O resultado? Três horas grudadas no livro, olhos doendo e pescoço latejando por ficar na mesma posição. Quando fui ver, já tinha terminando. Fiquei em parte frustrada ao saber que o livro acabou e eu terei que esperar (provavelmente) meses pela continuação, parte DUPLAMENTE frustrada pelo modo como acabou. Como assim? Daquele jeito? Não, não, não!

Eu adorei. Muito. De verdade, da primeira página a última, foi tudo excelente. Ok, não tão excelente, porque achei a Emmi um pouquinho chata de início. Mas foi só. De resto, trata-se de uma narrativa simples que envolve qualquer um que estiver lendo. O jogo de e-mails não torna a leitura em momento algum cansativa, pelo contrário. Os diálogos são alternados entre e-mails rápidos, que não completam nem mesmo uma linha, quanto de várias páginas. Felizmente, o autor optou por algo formal, nada de gírias virtuais, mas ao mesmo tempo, nada que fuja do que provavelmente alguém escreveria em um e-mail. Os assuntos são diversos, e a narrativa (estilo) em primeira pessoa aproxima muito o leitor dos personagens.

A premissa alguns já conhecem. Emma acaba mandando um e-mail para a pessoa errada, e, a partir daí, inicia-se o indício de uma amizade entre Emmi e Leo, o receptor errado. Uma frase ali, uma conversa aqui, divagações, sentimentos, brigas, brigas (eu já falei brigas?), flertes, dor, distância e consolo. Nasce uma amizade sólida, ainda que virtual, que claramente não demoraria para avançar a algo mais.

Esse algo mais é o assunto delicado do livro.  Afinal, Emmi é casada, e se envolve virtualmente com alguém. Não julgaria a personagem tão erroneamente depois de conhecer Leo e toda a situação, embora também não lhe dê razão. Fiquei no muro, mas um lado meu também torceu para que desse certo. Leo é irresistível com as palavras. Ele flerta, ele brinca, é sério e sensível. Enfim, ele se equilibra em uma corda bamba entre a sedução virtual livres de responsabilidade e a realidade, sabendo o que está em jogo. E quando vamos ver, os dois estão envolvidos de tal forma que, em palavras da própria Emmi, tornou-se doentio a necessidade que um precisa do outro. Chega a agoniar essa dependência, e confesso: Eu mesma fiquei imaginando inúmeras vezes como Leo seria!

Entro no coro com todos os leitores, preciso da continuação para ontem! Esse final me perturbou, e agora estou dependente dele. Indico para as românticas, para quem já teve um amor virtual, para qualquer um(a) que esteja disposto a deixar de lado aquela idéia que um romance de 184 páginas poderia ser chato, que uma narrativa epistolar está fadado a cansar o leitor em algum momento. Meu pré-conceito foi lá para o espaço. @mor é envolvente, inquietante e sublime.

Abaixo, a capa original:

image 

Assinatura (2)

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigada pela visita, de sua opinião, ela é muito importante!

- Caso tenha uma pergunta deixe seu e-mail abaixo que respondo assim que o comentário for lido.
- Se você quiser deixar seu endereço de blog ou site, comente usando a opção OpenID. Comentários com URL não serão mais aceitos.
- Caso sua mensagem não tenha relação com o post, envie sua mensagem pela opção contatos no menu do blog.
- Comentários ANÔNIMOS não serão mais aceitos. Use a opção Nome/URL